Chega de "saudade"

Certo dia, eu li a respeito das eleições e também sobre transformação digital, assuntos que parecem não ser correlatos, mas há um ponto de interseção que vale a pena discutir: a relação com o futuro.
O futuro pode não ser idealizado, pois depende de uma série de fatores que não estão a nosso controle, mas pode ser planejado para que se chegue a uma condição aceitável.
E ao abordarmos o termo futuro dentro do campo político, devemos entender que ao agirmos politicamente, estabelecemos uma relação de causa e consequência. Pois aquilo que escolhermos para o presente, será o planejado, prometido para o futuro.
Daí que as promessas e planos não podem ser feitas para soluções imediatas, porém paliativas. As soluções para grandes problemas nacionais, como o desemprego, a violência, a economia, o desenvolvimento regional, a saúde, a educação, a moradia e outros, não são simples e exigem esforços multidisciplinares, participação efetiva da sociedade, empatia e solidariedade.
Por isso, todas as propostas que não são calcadas nestes tipos de esforços, não tendem a ser efetivos, podendo até mesmo ser injustos, gerando desigualdades.
Enquanto essas propostas continuarem a ter um aspecto paliativo de atacar os efeitos em vez das causas, ainda não serão soluções boas para os problemas que tanto nos afligem.
Assim, as “mesmas soluções de outrora” não servem mais, assim como um remédio fraco não consegue mais curar uma infecção. E o pior, ainda há muitos candidatos nestas eleições que ainda estão oferecendo as mesmas soluções para os problemas, que já não são mais os mesmos.
Daí a necessidade de debate. Mas um debate racional, sem os escudos e armas emocionais que tanto teimamos em usar neste momento eleitoral. Não faz sentido rejeitar ou aceitar uma candidatura pelo simples fato de o “santo não bater”. Mas entender o qual crível ou realista é a proposta e qual o impacto dela.
Hoje eu assisti a propaganda partidária obrigatória, e o que vi foi o mais do mesmo que critiquei nas linhas anteriores. Por exemplo, uma candidata prometeu reduzir a carga tributária. Mas não explicou como e qual o impacto de sua proposta. Pelo tempo curto de sua apresentação, uma questão importante e complexa como a carga tributária não poderia ser reduzida a diminuir os impostos. Outro exemplo é de um candidato a presidente que prometeu reativar obras para reduzir o desemprego, mas este candidato não sabe do congelamento dos gastos e investimentos por 20 anos e o fim do fundo soberano.
Certamente a melhor arma contra as propostas de propaganda enganosa é a informação consciente, verídica e isenta. Isto faria com que o candidato fosse confrontado com sua proposta, fazendo com que ou este perdesse credibilidade, explicasse melhor ou mudasse a proposta para que esta se torne mais adequada a realidade.
Questionar, escolher de antemão, guardar o nome e depois cobrar o candidato é a postura cidadã do eleitor para que um novo futuro se construa na política.
Chega de saudade daquilo que nos faz sofrer.

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