Cultura e entretenimento no Brasil sob risco por Covid-19

Segundo reportagem do site Agência M Brasil, mais da metade dos eventos programados para o ano de 2020 foram cancelados, adiados ou tiveram a sua realização incerta por conta da pandemia de coronavírus. Também informa que quase a totalidade dos empresários do setor de cultura e entretenimento já estão sentindo financeiramente os reflexos da pandemia.
O apelo do setor de cultura e entretenimento é que, assim como outros setores empresariais que foram acudidos pelo governo com crédito e benefícios, estes também recebam ajuda estatal.
Com a pandemia de coronavírus, o isolamento social tornou impraticável a realização de eventos de qualquer natureza, seja apresentações teatrais e musicais, festivais de música, como o Lollapalooza, festivais folclóricos e tradicionais como a festa junina de Campina Grande, além do funcionamento de casas de shows, espetáculos, danceterias e teatros. Isto faz com que o circuito cultural no Brasil fique praticamente paralisado, com exceção de eventos online e distribuição de conteúdo online, por exemplo o lançamento de músicas e álbuns por artistas musicais nas plataformas digitais de música. Tanto que ouvir nessas últimas semanas uma grande quantidade de lançamentos musicais além de apresentações online, as lives, já que em situação de isolamento social, o consumo de conteúdo cultural se tornou doméstico.
Analisando a situação do Brasil, também vemos essa situação de desamparo da cultura e do entretenimento, em parte, por uma influência governamental, pois é sabido que os investimentos privados em cultura são pontuaise a indústria do entretenimento tem uma alta taxa de concentração de meios de difusão, como rádios, TV, plataformas digitais, gravadoras distribuidoras cinematográficas, produtoras e patrocínio. Isso faz com que grandes partes dos investimentos em produtos culturais no Brasil sejam oriundos de financiamento público, seja por meio de programas de incentivo ou de ações subsidiadas.
Com a mudança do governo para um perfil ideologicamente menos favorecedor da livre iniciativa cultural, foi perceptível que o investimento público em cultura por parte da esfera Federal diminuiu ou tornou-se mais segregado para grupos culturais mais alinhados com a ideologia política do governo. Para aqueles que não compartilham do mesmo ponto de vista do governo bolsonaro, é imposto uma série de burocracias que praticamente inviabilizariam seus projetos culturais.
O setor da cultura e do entretenimento vão precisar de ajuda para manter as pessoas que trabalham neste ramo de atividade e que estão sem trabalhar por conta do coronavírus. Não apenas linhas de crédito e postergação de pagamentos de tributos de forma momentânea é suficiente para salvar. É necessário também um plano pois com o fim do isolamento social, as pessoas ainda não se sentiram seguras para sair de casa e a retomada das atividades de entretenimento e cultura será mais lenta do que a retomada das atividades de outros setores.
Também este momento crítico pode se tornar uma oportunidade de efetiva democratização da cultura por meio do investimento público em projetos de menor porte. A grande crítica em relação a projetos subsidiados na área de Cultura é que projetos de grande porte tem maior acesso a esses recursos, se comparados a projetos de menor porte. Ve-se por exemplo, algumas distorções na captação de recursos via lei Rouanet, onde foram aprovados projetos culturais que não possuíam o caráter de ampliar o acesso à cultura, com cobrança de ingressos a preços proibitivos. Projetos de pequeno porte, quando bem investidos e com a devida verificação do correto uso de seus recursos captados podem oferecer um maior retorno financeiro desses recursos, além de contribuir com a ampliação do acesso a população brasileira a esses eventos.
Nós enquanto consumidores de Cultura, devemos ajudar da forma que nos é possível. Seja preferindo o consumo de material cultural nacional seja em séries, filmes e músicas, além de não pedir a devolução de ingressos já comprados para eventos adiados, para que quando esses eventos forem efetivamente realizados, seja possível o comparecimento, além de evitar debilitar ainda mais o caixa dessas empresas realizadoras, já que estas não vem tendo receita.

Fonte: http://agenciambrasil.com.br/2020/04/setor-de-cultura-e-entretenimento-pode-entrar-em-colapso-com-pandemia

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